Mensagens Rosacrucianas


Raquel Prado - Uma Grande Rosa-Cruz

 Neste dia internacional da mulher homenageamos uma grande rosa-cruz que teve um papel importante na história da nossa Fraternidade. Vigília Stella da Silva Cruz ou Rachel Prado, pseudônimo pelo qual ficou nacionalmente conhecida. Nascida em Curitiba em 20 de março de 1891, era filha de Joaquim Antônio da Silva, fundador de  periódico A República e de dona Maria Eufrásia da Silva, e que muito cedo demonstrou que herdara de seu genitor o pendor para o jornalismo, iniciando aos 14 anos uma carreira sem precedentes para uma mulher de sua época.

Em 1909, aos 18 anos, acompanhou sua família de mudança para o Rio de Janeiro. Muito embora na então capital da República a mulher também sofresse restrições, a fartura de órgãos de comunicação foi um campo fértil para as suas aspirações progressistas. Autodidata e extremamente perspicaz, adquiriu sólida cultura humanística graças a sua incansável curiosidade. Dinâmica e ativa, exerceu diversas atividades voltadas à população menos favorecida com sentimento de civismo e dedicação fora do comum, deixando em tudo a marca indelével de sua personalidade.

Como líder feminista, foi uma guerreira leal, consciente e sem excessos, como bem demonstra seu ensaio “A mulher e o feminismo”, quando afirma: “Sou feminista entusiasta. Mas o meu feminismo não ultrapassa as barreiras do possível, nem se perde em loucas fantasias. Acho que a mulher deve pugnar pelos seus direitos sob um ponto de vista ponderado, sem anular os fins nobres a que se destina, como parte componente da humanidade.

Mas foi em congressos internacionais que suas teses obtiveram maior sucesso, conquistando para a mulher uma situação de dignidade e respeito. Promoveu inúmeras campanhas, dentre as quais merecem destaque as de alfabetização, amparo aos cegos, divulgação dos cursos de Enfermagem da Cruz Vermelha e da Escola Ana Nery, educação sexual, Casa do Jornaleiro, Assistência à Maternidade, proteção às árvores e de reflorestamento. 

Como literata participou ativamente de instituições como Associação Brasileira de Imprensa, Instituto Brasileiro de Cultura, Academia Juvenal Galeno, Clube das Mulheres Jornalistas e Sociedade de Homens de Letras do Brasil.

De maneira excepcional, dedicou sua atenção aos internos em presídios, causa pela qual realizou uma verdadeira cruzada, procurando estudar as razões que levam um indivíduo a praticar um ilícito penal e as possibilidades de sua reintegração na sociedade. Por muitos anos visitou presídios e reformatórios, levando conforto e auxílio, chegando mesmo a conseguir a liberdade para muitos que estavam presos por equívoco da Justiça.

Mas foi pelos menores delinquentes que fez tudo ao seu alcance, visitando favelas e bairros pobres do Rio de Janeiro, prestou inestimáveis serviços ao Juizado de Menores, apontando as condições precárias de higiene e alimentação como a principal causa da revolta entre os jovens. Para os menores internos, e normalmente em condições sub-humanas, pleiteou que os reformatórios tivessem um aspecto mais humano, e até mesmo familiar, sendo imperioso afastá-los do convívio com criminosos adultos.

No campo empresarial organizou o primeiro curso de Jornalismo Profissional e uma Agência de Publicidade e Propaganda. Não satisfeita, em 1934 fundava também a Empresa Editora Rovaró, lançando concursos cujo prêmio consistia na editoração da obra premiada. Essa editora publicou também dezenas de obras de grande valor intelectual, dentre as quais destaque para O cerco da Lapa e seus heróis de nosso conterrâneo David Carneiro.

Contrastando com sua personalidade dinâmica e ativa, possuía, contudo, uma alma serena e contemplativa. Extremamente espiritualizada, membro atuante da Sociedade Teosófica, discípula do Mestre Cambareri, participou da Fundação da FRA em SP e trabalhou ativamente para trazer a Fraternitas Rosicruciana Antiqua para o Rio de Janeiro, procurou seu amigo Dr. Domingos Magarinos, com o qual conversou sobre a fundação da FRA ocorrida em São Paulo, e resolveram convidar o Mestre Cambareri para fazer o mesmo na então Capital do País, e no dia 27 de julho do mesmo ano de 1933 o ato se realizou na Rua Garibaldi, número 39, na residência do Tenente Amaro de Azevedo, então quintanista de Medicina. Cambareri permaneceu no Rio até que conseguiu uma casa para a primeira Sede da Fraternidade Rosa–Cruz, na Rua Desembargador Isidro, 166, Tijuca. Em 1938 a Sede da FRA se transfere para o prédio atual na rua Saboia Lima, 77 e permanece até hoje.

Jornalista de largos recursos, labutou intensamente na imprensa, seus trabalhos foram publicados em centenas de periódicos como: A Manhã, Correio da Manhã, Diário Carioca, Jornal das Letras, Jornal do Brasil, Mundo Infantil, O Cruzeiro, O Globo, O Imparcial, O Lyrio, O Malho, O Tico-Tico, Revista da Semana, Eu sei tudo e Senhorita no Rio de Janeiro e A República, Cinema, Correio do Paraná, Correio dos Ferroviários, Diário da Tarde, Gazeta do Povo, Luz de Krótona, Marinha e O Dia no Paraná.

Escritora de reconhecidos méritos, foi também crítica de arte, com todas essas atividades, ainda encontrava tempo para ser uma mãe dedicada e carinhosa, sempre tratando seus filhos com muita doçura e carinhos infinitos. Após ver seus filhos criados e bem situados na vida, confessava constantemente que: “Tudo que sou, devo ao grande amor que tenho aos meus filhos, que foram o meu melhor estímulo para lutar e vencer”.

Rachel Prado nunca se acovardou diante dos desafios que enfrentava, tirava do fundo de sua alma as forças que necessitava para enfrentar o mundo, mundo que muito lhe exigia e pouco lhe dava em troca. 

Mas os lutadores também tombam. Os esforços despendidos em suas inúmeras atividades consumiram sua saúde, em 25 de dezembro de 1943, aos cinquenta e dois anos ela partia serenamente, consciente de ter deixado um exemplo digno para a posteridade. 

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